Será que peixes sentem dor e são seres sencientes, ou seja com sentimentos?

Certamente, em alguma parte da vida, os veganos já foram questionados sobre o porquê de não ingerirem carne de peixe. Isso se dá, por conta de que a opinião popular considera os peixes menos dignos de nossa empatia. A maioria das pessoas acreditam que esses animais não sentem dor.

Porém, ao contrário do que é popularmente falado, os peixes sentem sim. O que acontece é que, por sua anatomia ser diferente dos mamíferos, eles não conseguem emitir expressões de dores. Muitas vezes até emitem, mas não as que possamos interpretar.

Estes animais são capazes de sentirem felicidade, dor, medo e reconhecerem uns aos outros.

Peixes são animais inteligentes

Peixes são animais inteligentes

Você já deve ter ouvido dizer que peixes são reconhecidos com animais de memória curta. Eles possuem a famosa memória de 3 segundos. Todavia, pesquisas já comprovaram que esses animais são capazes de guardar informações ao longo de sua vida inteira. O salmão por exemplo, é capaz de lembrar de seu local de nascimento e/ou desova. Percorrerem longos quilômetros, mas são capazes de regressarem após anos.

O biólogo Culum Brown, revelou em uma de suas pesquisas que os peixes aprendem uns com os outros, desenvolvem personalidades, tradições, se reconhecem e cooperam em conjunto.

Em um artigo científico intitulado ¨O bem-estar dos peixes¨ estudantes relataram que a carpa comum pode distinguir diversos estilos musicais, como jazz, música clássica e blues.

¨Os experimentos realizados mostraram que esses animais são capazes de reconhecer um estímulo auditivo complexo e, portanto, demonstrar respostas discriminatórias sofisticadas em relação às suas capacidades auditivas. ¨

Os peixes também são muito observadores e usam muito bem suas habilidades cognitivas, são capazes de obterem informações através de eventos externos. Eles usam as informações obtidas como aprendizado e escolhas futuras.

Para fugir de perigos aprendem em conjunto, através de estímulos e comunicações entre si, como evitar um caminho perigoso ou uma grande ameaça.

A crueldade com os peixes 

crueldade com os peixes

A indústria da pesca provoca, além de um enorme impacto ambiental, muito sofrimento para os peixes que são removidos forçadamente de seu habitat.

Ao serem retirados da água, seu corpo entra em agonia e sufoca até sua morte. Peixes maiores que demoram mais para vir ao óbito, são espancados para morrerem mais rápido.

As criações de cativeiro também não deixam de ser cruéis. Os peixes sofrem a vida inteira em minúsculos recintos, lotados de outros indivíduos que dificultam nadar, atrofiando seus corpos, além de doenças, parasitas e infecções.

Em sua retirada para o abate, são puxados da água em redes. Devido ao grande número de peixes, muitos são esmagados pelo peso, tendo membros amputados ainda vivos. Depois são despejados em baldes com gelo para morrerem aos poucos.

Há também a prática de pescas esportivas, que consistem em torturar o peixe com um anzol, sufocá-lo e depois soltá-lo machucado. Um ciclo vicioso de tortura apenas para entretenimento.

Pesquisam e estudos mostram que sim: peixes sentem dor!

peixes sentem dor

Seu sistema nervoso possui um reconhecedor sensorial conhecido como nociceptor, que detecta estímulos nocivos. Além disso produz encefalina e endorfina, substâncias que possuem um papel no alívio de pequenas dores, como nos seres humanos. Então, se peixes não sentem, por que seus corpos produzem essas substâncias?

Estudos relevaram que o organismo desses animais processa estímulos. Isso ocorre, quando demonstram estarem incomodados, em situações indesejadas ou dolorosas.

Victoria Braithwaite, professora de biologia na Penn State University, relevou em seu livro ¨Do fish feel pain? ¨ (Os peixes sentem dor?)  que a anatomia dos peixes era complexa e também, como eram capazes de sentir desconforto e dor.

A saber, esses animais também sentem medo, quando enfrentam ou fogem de ameaças. Pois, quando isso ocorre, suas frequências cardíaca e respiratória aumentam. Além disso, sua produção de feromônios de alarme dobra. Possuem ainda comportamentos de aversão, fuga e distanciamento rápido.  

Segundo as pesquisas de Lynne Sneddon, doutora formada na Universidade de Edimburgo, peixes exibem mudanças comportamentais, quando submetidos a situações desagradáveis. Por exemplo, quando os peixes machucam seus lábios, esfregam suas bocas em pedregulhos, justamente para aliviar sua dor.

Os peixes gritam tanto de dor quanto de medo, uma espécie que produz sons de sofrimento notáveis e audíveis para nós são os bagres. Por exemplo, utilizam sons para alertar os outros e comunicar medo quando objetos estranhos são introduzidos em seu recinto ou quando são manejados.

Contudo, outras espécies de peixes produzem sons normalmente inaudíveis para seres humanos, quando pegos ou, mutilados que sofrem em ¨silencio¨.

Os peixes sentem da mesma forma como outros animais e só querem viver em paz em seu habitat natural.

 – Mas, nem peixe?  

– Não. Nem peixe. Por favor.