O Budismo é uma religião com diversas vertentes, todas abordam a diminuição do sofrimento de maneira geral, mas, desde os primórdios do fenômeno histórico, há mais de 2500 anos, não há nenhum relato documentado que comprove a proibição do consumo de carne, até porque, o Budismo crê no livre arbítrio e nas escolhas e decisões de cada ser individual.
Basicamente, o budismo prega o consumo consciente em todos os âmbitos, desde a moda até a alimentação, prioriza itens que implicam no menor impacto ambiental possível e enxerga os animais como seres sencientes, mas sem a mesma capacidade de inteligência humana. A filosofia preza pelo bem-estar de todos e compreende que a relação de paz e compaixão com os animais é uma extensão daquilo que o Budismo defende e propaga aos seres humanos.
Antigamente, quando os monges ou Shakyamuni (popularmente conhecido como Buda, o ser iluminado que manifestou-se a fim de mostrar o caminho para a iluminação) praticavam a mendicância nos lares de seus seguidores ou eram convidados para uma visita, tinham a obrigação de comer tudo o que lhes era oferecido, sem distinguir ou contestar, pois, acreditava-se que o ato de recusar alimentos poderia indicar um comportamento discriminativo e orgulhoso. Presume-se ainda que Shakyamuni morreu envenenado ao ingerir um pedaço de carne de porco.
Assim que o budismo se expandiu e chegou a China, o Imperador ficou encantado com o fenômeno e estabeleceu algumas leis específicas para os monges, na tentativa de proteger as suas santidades, entre elas estavam o cultivo dos seus próprios alimentos e a proibição do consumo qualquer tipo de carne, segundo ele, esses comportamentos faziam parte dos princípios de esmero e cautela com a vida. Essas leis se propagaram, influenciaram diversos outros países e, até mesmo, algumas escolas budistas à prática do veganismo. Dessa forma, os movimentos vegano e vegetariano fortalecerem-se entre os adeptos do budismo.
É importante considerar que, antigamente, encontrar e cultivar alimentos não era tarefa simples como nos dias atuais, na China ainda existiam alguns recursos que possibilitavam uma alimentação restrita equilibrada, mas, no Tibete, as temperaturas extremamente baixas, unidas ao contexto climático e ambiental não permitiam grande variedade de alimentos, por isso, o vegetarianismo e o veganismo nunca foram práticas comuns entre os tibetanos.
Em linhas gerais, o budismo crê que o ato de aproveitar-se de animais pode influenciar na questão do karma negativo. Um exemplo disso é o consumo das ostras e lagostas frescas, que são ingeridas ainda vivas em um ato de tortura que, além de gerar sofrimento inestimável, carrega consigo o karma colossal de prejudicar e matar um ser vivo.
Podemos concluir que, embora a maioria das vertentes budistas não se manifestem a favor ou contra o consumo de carnes, elas acreditam que o ser humano deve ser movido pela compaixão universal e que, se algum indivíduo resolve diminuir ou interromper o consumo de determinado produto por conta do sofrimento animal, essa atitude é sinônimo de ética e consciência vital.
É importante esclarecer que o objetivo da Vegano Shoes com a publicação de artigos como este é totalmente paralelo à qualquer crença ou prática religiosa, os temas são abordados na busca por conhecimento, informação e estímulo ao debate.
“Feliz seria a terra se todos os seres estivessem unidos pelos laços da benevolência e só se alimentassem de alimentos puros, sem derrame de sangue. Os dourados grãos que nascem para todos dariam para alimentar e dar fartura ao mundo.”
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13 de agosto de 2018 at 15:47
Muito Bom!! !!! Eu sou Vega na!! !!
13 de agosto de 2018 at 15:49
Agradeço!!!!! Estou seguindo com meu estilo Vega na de ser!!!!
14 de agosto de 2018 at 02:38
Adorei o texto, parabéns, foi muito esclarecedor. Muitas vezes eu me perguntava pq alguns monges e monjas budistas ainda consomem animais, pois para mim parecia um contrassenso, eu não conseguia chegar à nenhuma conclusão. Com este texto ficaram mais claros os possíveis motivos de alguns ainda se alimentarem de animais 😉